Não é o que não pode ser - parte 1
Patrícia
Abriu os olhos. Viu o teto branco. Virou de ladinho. Dez para o meio-dia. Esse negócio não desce! Não pode ser. Isso é para eu aprender. O que vão dizer? Será que desceu? Porta, claridade, banheiro. Nada! Não é possível, já faz dias que esse negócio era pra ter vindo. Água no rosto. Sandálias, blusinha branca básica. Calça jeans, cox baixo. Escadaria. Maria, todos já almoçaram? Já, só falta você! Prato, talheres, mesa. Arroz, feijão, bife a role, salada. Banheiro. Escova nos dentes. Escadaria, porta da cozinha. Tchau Maria. Tchau!
Fecha portão. Rua. “Vou logo ver esse negócio, Claudinha já me avisou pra não deixar passar muitos dias”, com o endereço nas mãos de uma clínica de testes que a amiga lhe arrumara. A caminho do ponto de ônibus, os carrinhos de bebês nas calçadas se multiplicavam. Os vestidos de grávida. Tanta informação e eu nessa, paranóica. Pense positivo, pensamento positivo! Esse negócio não sai da minha cabeça. Bom, daqui 2 horas estarei sossegada. Será que o resultado demora? Fez sinal com o braço, era o ônibus que esperava. Escadas, cobrador, roleta, bancos. O pensamento lá, rondava e uma gorda atrapalhara-se para atravessar a roleta, carregava uma criança no colo. Porém a gorda fazia-a lembrar de professora que mal cabia na cadeira. “e o que importa isso agora? Estou fudida. Literalmente. O Jorge vai segurar essa comigo, ah vai!”
Deu sinal. Desceu. Três quadras e estaria no início do fim de seu desespero, era o que todos esperavam, ou melhor, ela. Porta de vidro, ar condicionado, assentos individuais com estofado verde combinando com as paredes . . .
continua no próximo episódio...