terça-feira, fevereiro 13, 2007

Segunda Carta de Motoqueira aos Heterônimos


A Motoqueira


Olá. Primeiro, diga a todos os seus leitores que sou uma pessoa normal. Eu não gostaria que as pessoas continuassem a me enxergar como uma anomalia, ou como alguma louca, porque eu não sou e você sabe - diga a eles que você sabe, e eles vão acreditar. E, por favor, corrija os meus erros de português, humilhante que é ver os outros comentando sobre as coisas que eu escrevo. E pare de omitir os palavrões, que muito me expressam. Bem, é isso que eu peço a você para continuar a escrever (há aquelas outras coisas a serem discutidas mas, por enquanto, eu só faço questão dessas que eu disse). Se procede mesmo o que você me explicou, eu não sou um simples "heterônimo", mas uma pessoa de carne e osso; ainda assim, concordo que não importa o nome pelo que me chamem, e concordo que não posso sair por aí mudando o nome dos grupos dos outros. Nesses termos, eu ainda sou "A Motoqueira", que, vale lembrar, não tem moto alguma.

Estou com saudades de você. Você pensa que eu não sinto saudades, não é verdade? Sinto falta de você no banco, de você no palco, de você na cama (não explique o que isso significa que às vezes - é raro, mas acontece - eu me envergonho). Agora você resolveu que é profissional, está bebendo e joga baralho. O que estão fazendo com aquele amigo romântico que eu tinha? Não entra nessa não, de bebida, de jogo, que eu não consegui sair até hoje, porra. Veja que eu me deixo cobrar você, ainda mais agora que sei que sou sua melhor amiga. E o serei com toda força. Mais força que as saudades que eu sinto.

Depois de amanhã vou viajar. É uma viagem de irmã com irmã, e a família dela também. Sabe quando temos uma oportunidade única em muitos e muitos anos? Pois é isso que é: minha irmã me convidou para a viagem que nunca fizemos juntas. Vamos à praia. Eu não sei qual praia que é, mas é bonita, eu vi as fotos. Eu já comprei um maiô, uma toalha melhor e vou com os óculos que ganhei de você. O que você acha? Não fique triste, que eu vou trazer uma lembrança para você. E, para mim, eu quero aquela lembrança que não se compra (como vovó já dizia). Fazia muito tempo, sabe?, que eu não conversava com minha irmã, e a viagem vai servir para bons momentos, não é? Então, eu terei uma lembrança.

Se vir minha filha, diz que eu a amo, e que eu estou aqui, para quando ela precisar. Diga que eu estou muito bem aqui, não falta nada e ainda tenho você, apesar da sua chifrudice de não me visitar mais. Você me contou que uma Júlia escreveu sobre o amor daquela carta; agradeça, mande um beijo e diga a ela que é agora a hora de mostrarmos aos outros que os amamos, seja que tipo de amor for. Para ser sincera, do tempo em que fiz aquela carta eu só me arrependo de não ter sido mais direta quando me expressava. Por exemplo, já faz tempo que meu melhor amigo não volta, e me aperta o coração não ter dito com toda a boca que eu o amo. Outro exemplo: aposto que você demorou para perceber o trocadilho no título daquela carta, não é, seu chifrudo? Eu sei ser criativa, pois.

Um grande beijo a você, ao Brigadeiro e aos seus leitores, que ganharam de você permissão para ler tão íntimas linhas, ou algumas delas, ou todas devidamente editadas. De qualquer forma, são íntimas, mas sinceras e sem medo, o que é bom.

Amo você. E Jesus é nosso rei, Amém? Boa vida, em nome de Jesus.

3 Comentários:

Às 2:57 PM , Anonymous Anônimo disse...

"A Motoqueira " ganhou meu afeto, gosto da sinceridade dela, fale pra ela não demorar em enviar outras cartas e espero que ela aproveite bem a viagem e não perca outras oportunidades de expressar seu amor. Beijossss

 
Às 10:16 PM , Blogger GABRIEL RUIZ disse...

Muito bom esse texto. Prendeu-me de uma maneira que eu li e ficava pensando mil coisas durante todo o processo de leitura.
E digo mais, experimente ler esse texto ouvindo "something" ou algo ruim parecido.

Tem trechos muito bons de diálogos aí. Poderia ser algo filmado, inclusive pra colocar no blogue, o que acha, de encenarmos os heterônimos?

um abraço, com saudades

 
Às 2:34 PM , Blogger Júlia Dantas disse...

Olá Motoqueira!!

Seus textos me emocionam, esse não foi diferente. E nem foi pela menção à minha pessoa, não, é porque parece q eu sinto o que vc sente quando escreve...

Que coisa, não?

Aliás essa idéia do Gabriel é legal!

Beijos, motoqueira!

 

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