terça-feira, julho 25, 2006

O QUE PASSOU JÁ REFLETIU NO HOJE, NÃO HÁ COMO MUDAR

Jaime


Hoje faz 15 anos que passei arquivar meus pensamentos no papel. Poderia fazer uma festa de debutante. Já posso imaginar as flores pérola com detalhes dourados nos laços gigantes, e pétalas no chão. Quase um casamento. O dinheiro gasto é o mesmo. Ou mais. Ou menos, não sei. Nunca debutei, nem tive filhas para viver a experiência. Mas me lembro vagamente quando minha irmã fez seus quinze anos. Bonita data. Belíssima idade. Na verdade somos gêmeos. Mas o baile foi só dela.
Quinze anos é muito tempo. A idade de minha sobrinha. Aliás, mês que vem será seu baile. Que ela aproveite bem essa idade. Eu não tenho saudades. Tudo o que passa pela minha vida, passa de uma vez. Não rápido demais para que eu não possa aproveitar, nem tão lentamente, para deixar saudade. Eu não sinto saudades. Eu não gosto de fotos. Eu nem mesmo sei por que escrevo essas páginas, já que nunca voltei, um dia se quer, para lê-las. Sou como minha bisa que dia desses jogou todas as fotos no lixo. Para mim, não é falta de amor. É a realidade.
Mas eu gosto de escrever. Exercito o uso das palavras, a imaginação, e concordo que assim coloco os pensamentos em ordem. Não é tempo jogado fora. Mas não quero que leiam sobre mim. Prefiro que me descubram nos atos e no silêncio. Eu não preciso gritar ao mundo o que sou para ser aplaudido. Eu gosto do anonimato...

... E seus dedos passavam entre os fios de cabelo grisalhos, deslizando, sem nenhuma barreira. De repente seu olhar cruzou o meu. Levei minha mão ao nariz, dei uma leve coçada. Um gesto como o alisar do cabelo das damas, em meio a uma paquera. Olhei para o chão. Olhei para ele, que já estava a sorrir e conversar com todos que estavam a sua volta...

*Eu logo sinto a energia das pessoas e o quanto são adoradas. Eu logo as adoro também. Um pequeno gesto pode ficar gravado na minha memória sem vestígios de saudades, apenas esperanças de um futuro...

quarta-feira, julho 19, 2006

Final feliz? – Parte 1

Olívio


- Alô?
- Posso saber por que você não veio me ver no fim de semana?
- Bom dia, mamãe!
- O dia está bom há horas e aposto que você continua dormindo. O que você fez no fim de semana?
- Nada, mamãe!
- Como nada? Se juntar sábado e domingo, dá 48 horas, não é possível que você seja tão inútil assim!
- Tudo bem, mamãe, se você quer a verdade, eu não posso falar porque é profano demais!
- Já vi que fez um monte de merda! Ai meu Deus, o que eu fiz pra merecer isso? Levanta, vai trabalhar e venha me ver depois do serviço, seu filho desnaturado!
- Tá bom, mamãe. Beijo, tchau...

Inspirado no fascinante e invejável mundo das tartarugas, levantei, troquei de roupa, fiz a higiene pessoal e tomei uma dose de uísque pra suportar o monótono decorrer do dia, já que toda segunda-feira é um porre mesmo. No escritório, depois de passar horas acessando e-mail, MSN, Orkut e algumas páginas de sacanagem, fui ao banheiro, desfigurei o rosto, desajeitei a roupa e tentei ficar com cara de operário cansado. Trânsito infernal, malabares no sinal, nada incomum. Segui para a casa da mamãe.

Pior não poderia ser: ela reuniu toda a liga das senhoras católicas para assistir a estréia da novela das oito. Não, não... eu joguei pedra na cruz!

Dona Cleide: Olívio! Que saudade de você! Como pode, né... a gente vê a pessoa nascer e quando percebe ela já tá desse tamanho!
Dona Maria de Lourdes: É seu filho, dona Teresa? Bonito ele!

(Dona Maria é uma tremenda baranga, mas não deixei de ficar lisonjeado...)

Mamãe: É... ele é empresário!
Coro uníssono das velhinhas: Nossa!!!
Dona Ditinha: Trabalha com que?
Mamãe: É ramo auto.... auto... auto o que, mesmo, filho?
Eu: Ramo automotivo, mamãe.
Coro uníssono das velhinhas: Nossa!!!

Pensei comigo: Um simples importador de rebimbocas? Deixe-as pensarem que sou fodão, vai...

Depois que as velhinhas calaram a boca e pararam de puxar meu saco, pude acompanhar o finalzinho da novela das 7. Cobras e lagartos? Humm... nome sugestivo! O mocinho apaixonado falou pra outra mocinha: “Se tive milhares de mulheres, é porque não tive nenhuma.”

As senhoras católicas logicamente não perceberam a profundidade da filosofia, mas aquilo me deixou inquieto: Seria eu um cara muito esperto ou um grande perdedor?

Jornal Nacional... bomba, terrorismo, Zidane, acidente na BR não sei o quê e a reportagem sobre o passarinho azul, que provavelmente foi ao ar no lugar da matéria sobre a vitória do Brasil na copa. Enfim, banalidades.

Eis a grande estréia: Páginas da vida! Oh não! Manoel Carlos de novo? Mais uma Helena? Osmose de pseudo realidade? Que saco!

A primeira cena era uma perseguição policial. Um moleque de rua tinha roubado uma bolsa, saiu correndo e foi atropelado. A dona do carro ficou brava porque o garoto amassou o capô do carro. “Pena que não morreu, bandido bom é bandido morto!”

Dona Ditinha: Que absurdo! Que mulher mais sem coração! Coitadinho, né Olívio?

- É...

Ahhhhh!!! Eu quero mais é que ferva! Fodam-se todos!

Toca o celular: Antônio Frescrech, meu sócio. Um pepino ou um abacaxi? Não, mais problemas, não...

- Olívio, tô com um probleminha...
- Então pode continuar com ele, porque eu já tenho os meus...
- Mas é um filho da puta, mesmo, hein! Escuta: Meu carro tá quebrado!
- Se você disser que é a rebimboca, amanhã cedo vou à Receita Federal pedir concordata. (Se eu dissesse falência no meio das velhinhas, minha mãe me mataria)
- Não sei o que é ainda! Mas já tá em cima da hora, dá pra você buscar a Patrícia na faculdade pra mim?
- Fazer o que, né... já estou saindo!
- Falou, viado! Brigadão!

Me livrei do Manoel Carlos... Dali em diante só pensei em uma coisa: eu e Patrícia, sozinhos, dentro de um carro, noite escura e sugestiva! Minhas pernas começaram a tremer e meu corpo já apresentou os primeiros sinais de excitação.

Continua no próximo episódio...

segunda-feira, julho 10, 2006

Condescendentes, alegrem-se...o mundo lhes pertence!

Lenita


As ocorrências que produzem sensações cotidianas....provocaram reflexões no íntimo do meu ser...
A manutenção do status quo...que aversão a essa expressão!!!!******
Me incitaram a buscar a razão para a apatia e alienação humana...esse estado de entorpecimento das faculdades morais...essa insensibilidade, seja a dor ou ao prazer...essa espécie de morosidade, indolência para movimentar-se...
Culpam o sistema...
...capitalismo...
Tem até discussões biológicas
...possíveis genes egoístas...
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......mas chego a conclusão que a maior moléstia que enfrentamos no universo somos nós mesmos...
...o todo poderoso HOMO SAPIENS, único ser dotado de razão...que sofre de uma mazela penosa: a INÉRCIA...
Somos uma porção de matéria no estado de repouso sem motivação, que não agimos porque não tempos como o fazer pois carecemos do elemento fundamental para ação...o eu...
...nos tornamos a nossa própria negação...
E então criamos o ESTADO a nossa imagem e semelhança, e embora saibamos que nunca essa entidade conseguirá de fato realizar alguma obra cabal....estupidamente a culpamos, sem na verdade perceber qual é o problema....
...nada seremos capazes de criar..nosso discurso sempre será de um terceiro e nunca atingiremos a perfeição...porque não podemos e nem somos capazes o suficiente para querer...
Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro (enganou-se Platão ao achar que era um estado temporário); a real tragédia da vida é que os homens têm medo da luz.